Monday, August 10, 2009

O dia em que decidi ser um contador de estórias....

Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009

Hoje é um dia de vento e todas as palavras que dissemos se perderam no caminho.
Todos os sentimentos se foram e ficam as memórias.
Fica o vazio.
Não fosse o alcool que eternamente continua bom.
Não fosse o que tenho lido.
Não fosse isso tudo e tudo estaria inegavelmente igual.
O que hei-de pensar não sei. O truque é não parar de escrever...
Não parar.
De escrever.
Não.
De escrever.

Faz hoje três dias que tu desapareceste sem deixar rasto.
Faz hoje três dias que tudo voltou a ser como dantes.
Faz hoje três dias que a tristeza regressa.
Mas o que vem a ser isto de estar triste?
Não percebo sinceramente que tristeza é esta. Se me fosse um tristeza imposta, obrigado a, ou forçado a estar triste eu saberia como lidar com ela. Mas é uma tristeza triste que não tem a mínima grandeza. É uma "tristezazínha"...

O truque é não parar de escrever...
Não parar.
De escrever.
Não.
De escrever.

Porque afinal isto nem sempre foi assim.
Houve um tempo em que o simples voar de uma passarinha me deixava contente.
Agora já nem isso me dá tesão.
Houve um tempo em que corria atrás de qualquer coisa, até que decidi parar e começaram a correr atrás de mim, e eu sem me mexer do lugar.
Agora correm e eu sem me mexer de cada vez que olho para trás estão todos cada vez mais longe, e há-de chegar o dia em que os meus olhos já não conseguem tocar os vossos contornos e aí serei um homem feliz e completo.

O truque é não para de escrever...
Não parar.
De escrever.
Não.
De escrever.

Tinha subido de elevador e entrado em casa sem fazer o mínimo de barulho não vá acordar a vizinha do 2º Direito que se chama Dona qualquer coisa. sim no meu prédio todas as vizinhas se chama Dona qualquer coisa.
Tirando a minha vizinha do décimo-oitavo andar.
Essa não...
Essa era boa todos os dias e todos os dias eu fazia questão de contar os minutos que faltavam para ela ir passear o cão.
Tinha a mesma idade que eu - e não estou a falar do cão.

O truque é não para de escrever...
Não parar.
De escrever.
Não.
De escrever.

Zoofilia nunca foi o meu género, por isso não deixei o cão participar na nossa festa privada, num lugar romântico e acolhedor chamado graciosamente por "Casa das Máquinas". Do Vigésimo-terceiro andar até ao céu era um pulinho e eu estive mesmo mesmo quase a lá chegar.
Fodemos.
Parámos.
Fodemos.
E ela olhou parar mim depois de se recompor e disse-me:

"Adeus..."

Eu não disse nada. Mesmo que quisesse. Na minha cabeça só me lembrava de uma coisa.
Adeus - que raio de sítio para se mandar as pessoas.

O truque é sempre não parar de escrever.
A escrita é como a comédia. Não se pode parar para pensar.
É um escrita fluída, não metódica de cá de dentro que faz com que isto tenha algum interesse e alguma piada. Pelo menos para mim. Mesmo que o que se esteja a escrever seja uma grandessíssima merda.
Mesmo que seja mentira como é o caso da vizinha boa do elevador e da casa das máquinas.
Mesmo que seja isso tudo...

O truque é não parar de escrever...
Não parar.
De escrever.
Não.
De escrever.

3 comments:

Niusha said...

Continua a ler.
Continua a escrever.
Não pares.
De escrever.

Acompanhamento said...

O Funeral.

Nádia Mendez said...

Surpreendida...mais uma vez!
E se continuar a aparecer e desaparecer? É um ciclo vicioso. Ou o efeito da proxima fuga nao terá o mesmo sabor?

Podia dizer tanto, mas nao me apetece. Apenas te deixo um abraço apertado, que diz muito mais...por este e pelo do dia 30!

Eres*